[the rosy cruxification]

"Deixem-me explicar por outras palavras. Talvez ao abrir a ferida, a minha própria ferida, tenha fechado outras feridas, feridas de outras pessoas. Morre qualquer coisa, floresce qualquer coisa. Sofrer na ignorância é horrível. Sofrer deliberadamente, para compreender a natureza do sofrimento e aboli-lo para sempre, é muito diferente.
[...]
Sofrer é desnecessário. Mas temos de sofrer para compreendermos que é assim. Além disso, é só então que o verdadeiro significado do sofrimento humano se torna claro. No derradeiro momento desesperado - quando não podemos sofrer mais! - acontece qualquer coisa que tem a natureza de um milagre. A grande ferida aberta pela qual se escoava o sangue da vida fecha-se, o organismo desabrocha como uma rosa. Somos "livres", finalmente, e sem "um anelo da Rússia", mas com um anelo de liberdade cada vez maior, de cada vez maior ventura. Não são as lágrimas que mantêm viva a árvore da vida, mas sim o conhecimento de que a liberdade é real e eterna.
[Assim]
[...] quando o grande Cosmocrator perguntar: Quem és tu?
Sim, sem dúvida nenhuma responderei: "O Rochedo Feliz!".
E se me for perguntado: "Não gostaste da tua estada na Terra?"
Responderei: "A minha vida foi uma longa rosa-crucificação."
Henry Miller, in Plexus
Fotografia: Henri Cartier-Bresson
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